Quatorze Agentes de segurança Penitenciária
(ASP), cinco cães e um instrutor: esta foi a configuração do curso
“Noções de Faro Básico”, promovido pela Escola de Administração
Penitenciária (EAP), que treinou homens na condução dos animais durante
operações de busca a entorpecentes, telefones celulares, bombas e até a
pessoas perdidas em matas. As aulas aconteceram na base operacional do
Grupo de Intervenção Rápida (GIR) da Capital, entre os dias 21 e 24/8 e
serviu para formar docentes, que se tornarão multiplicadores dos
conhecimentos, nas demais unidades prisionais de São Paulo.
Os animais treinados pertencem aos canis da
Penitenciária de Lavínia, Centro de Detenção Provisória (CDP) de São
Vicente – na baixada santista – e da própria base do GIR; já os ASPs
estão lotados em presídios das cinco coordenadorias regionais do Estado.
Os agentes são novatos na modalidade e tiveram os primeiros contatos
com as diferentes técnicas de condução de cães, nas respectivas formas
de busca a objetos e pessoas. “Escolhemos animais que possuem os
pré-requisitos básicos, que são os drives de caça e presa”, explica o
instrutor Cristiano Alex Sampaio. “Eles devem, antes de tudo, ter
vontade de brincar com um determinado objeto e de recuperá-lo quando
escondido. Ao encontrar, o cão aprende a apontar o local e a não soltar,
quando mordê-lo. É como se estivéssemos brincando de cabo de guerra”,
ensina.
Após aprender os primeiros passos de busca, o
treinamento evolui para esconderijos em diferentes locais. Desta vez é
apresentado ao cão, um cheiro específico – como algum tipo de
entorpecente ou silício (elemento químico utilizado em baterias de
aparelhos celulares). Ao encontrar o objeto ilícito, o cachorro é
premiado com o brinquedo pelo qual procurava. “Nesses casos o treinador
não utiliza entorpecentes reais, que são substituídos por essências que
simulam o odor da droga”, esclarece o instrutor.
O silício é extraído das baterias, para que o cão fareje
apenas um odor e não confunda com os outros materiais usados na
composição dos celulares, como verniz, alumínio, resina, etc. Os
resultados das aulas foram satisfatórios, uma vez que os animais não
tinham treinamento técnico em faro. “Os cães têm entre 220 e 250 milhões
de células com capacidade olfativa; isso é cerca de 40 vezes mais que o
ser humano, que possui cerca de 5 milhões”, compara Sampaio.
Amigo do Fuzil
O professor Sampaio é um velho conhecido das forças de
segurança do Estado, desde que ganhou notoriedade ao adestrar o primeiro
cão brasileiro capaz de farejar telefones celulares. Depois disso, ele e
seu fiel amigo fuzil (nome do animal) participaram de programas de TV e
foram notícia em várias outras mídias Brasil afora. “É claro que ter o
trabalho divulgado é importante, porém o que me deixa mais satisfeito é o
reconhecimento e o respeito que tenho dos colegas de trabalho, graças
ao desempenho do Fuzil”, orgulha-se Sampaio.
Suas pretensões vão além das revistas de rotina em celas
de penitenciárias. Com a proximidade dos dois grandes eventos
esportivos (Copa do Mundo e Olimpíadas), sua intenção é que depois desse
curso, os cães estejam preparados para auxiliar as demais forças do
Estado em eventuais necessidades de utilização de animais adestrados.
“Atualmente sou requisitado pela Polícia Civil, para utilizar cães em
buscas a drogas e celulares”, revela Sampaio.
O curso de formação foi realizado em parceria pelo
Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Agentes de Segurança
Penitenciária (Cfaasp) e Centro de Capacitação e Desenvolvimento de
Recursos Humanos (Cecad-RH) e teve a coordenação de Rosana Nakashima
Moretto e de Fabiano Doretto Pagioro. Os alunos receberam certificado de
conclusão nas modalidades ministradas, atestados pela EAP.
fonte: SAP
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