sábado, 8 de setembro de 2012

Agentes penitenciários adestram cães para farejar celulares e drogas

 
 
Quatorze Agentes de segurança Penitenciária (ASP), cinco cães e um instrutor: esta foi a configuração do curso “Noções de Faro Básico”, promovido pela Escola de Administração Penitenciária (EAP), que treinou homens na condução dos animais durante operações de busca a entorpecentes, telefones celulares, bombas e até a pessoas perdidas em matas. As aulas aconteceram na base operacional do Grupo de Intervenção Rápida (GIR) da Capital, entre os dias 21 e 24/8 e serviu para formar docentes, que se tornarão multiplicadores dos conhecimentos, nas demais unidades prisionais de São Paulo.

Os animais treinados pertencem aos canis da Penitenciária de Lavínia, Centro de Detenção Provisória (CDP) de São Vicente – na baixada santista – e da própria base do GIR; já os ASPs estão lotados em presídios das cinco coordenadorias regionais do Estado. Os agentes são novatos na modalidade e tiveram os primeiros contatos com as diferentes técnicas de condução de cães, nas respectivas formas de busca a objetos e pessoas. “Escolhemos animais que possuem os pré-requisitos básicos, que são os drives de caça e presa”, explica o instrutor Cristiano Alex Sampaio. “Eles devem, antes de tudo, ter vontade de brincar com um determinado objeto e de recuperá-lo quando escondido. Ao encontrar, o cão aprende a apontar o local e a não soltar, quando mordê-lo. É como se estivéssemos brincando de cabo de guerra”, ensina.

Após aprender os primeiros passos de busca, o treinamento evolui para esconderijos em diferentes locais. Desta vez é apresentado ao cão, um cheiro específico – como algum tipo de entorpecente ou silício (elemento químico utilizado em baterias de aparelhos celulares). Ao encontrar o objeto ilícito, o cachorro é premiado com o brinquedo pelo qual procurava. “Nesses casos o treinador não utiliza entorpecentes reais, que são substituídos por essências que simulam o odor da droga”, esclarece o instrutor.

O silício é extraído das baterias, para que o cão fareje apenas um odor e não confunda com os outros materiais usados na composição dos celulares, como verniz, alumínio, resina, etc. Os resultados das aulas foram satisfatórios, uma vez que os animais não tinham treinamento técnico em faro. “Os cães têm entre 220 e 250 milhões de células com capacidade olfativa; isso é cerca de 40 vezes mais que o ser humano, que possui cerca de 5 milhões”, compara Sampaio.

Amigo do Fuzil

O professor Sampaio é um velho conhecido das forças de segurança do Estado, desde que ganhou notoriedade ao adestrar o primeiro cão brasileiro capaz de farejar telefones celulares. Depois disso, ele e seu fiel amigo fuzil (nome do animal) participaram de programas de TV e foram notícia em várias outras mídias Brasil afora. “É claro que ter o trabalho divulgado é importante, porém o que me deixa mais satisfeito é o reconhecimento e o respeito que tenho dos colegas de trabalho, graças ao desempenho do Fuzil”, orgulha-se Sampaio.

Suas pretensões vão além das revistas de rotina em celas de penitenciárias. Com a proximidade dos dois grandes eventos esportivos (Copa do Mundo e Olimpíadas), sua intenção é que depois desse curso, os cães estejam preparados para auxiliar as demais forças do Estado em eventuais necessidades de utilização de animais adestrados. “Atualmente sou requisitado pela Polícia Civil, para utilizar cães em buscas a drogas e celulares”, revela Sampaio.

O curso de formação foi realizado em parceria pelo Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Agentes de Segurança Penitenciária (Cfaasp) e Centro de Capacitação e Desenvolvimento de Recursos Humanos (Cecad-RH) e teve a coordenação de Rosana Nakashima Moretto e de Fabiano Doretto Pagioro. Os alunos receberam certificado de conclusão nas modalidades ministradas, atestados pela EAP.


fonte: SAP

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