segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Agente acusa chefe de assédio sexual dentro da Penitenciária II de Serra Azul



Uma agente de segurança da Penitenciária II de Serra Azul (SP) acusa um dos diretores da unidade de assédio sexual. Segundo a mulher, de 44 anos, o chefe a intimidou, disse que sentia atração por ela e, sem sucesso nas investidas, ainda se masturbou diante dela, dentro da sala de trabalho.

A Polícia Civil investiga o caso. O delegado Eduardo Martinez afirmou que não comentará detalhes sobre o inquérito, apenas confirmou já ter registrado o depoimento da vítima e de testemunhas. O suspeito ainda será convocado para prestar esclarecimentos.

O advogado da vítima, Edson Nunes da Cosa, disse que ingressou com um pedido de investigação por meio de Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD), uma espécie de sindicância interna.

Em nota, a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) informou que a direção da unidade instaurou um Procedimento Apuratório Preliminar para averiguação dos fatos. Segundo a secretaria, os dois servidores - o diretor e a agente - foram transferidos para outras funções enquanto acontece a apuração administrativa.

Denúncia

Em entrevista ao G1, a agente penitenciária, que prefere não ser identificada, contou que levou dois meses para levar o caso à polícia e aos superiores porque sentia medo de ser penalizada, uma vez que o suspeito é seu chefe direto.

“Ele foi aprovado no mesmo concurso que eu. Ele era meu amigo, era amigo de sentar, trocar ideia, falar dos problemas, a gente conversava sobre coisas da vida, do trabalho. É isso que me deixa pior, ele era meu amigo”, afirmou.

A servidora contou que estava afastada do trabalho há quatro anos, devido a um tratamento contra depressão. Em julho, quando retornou às funções, foi designada para atuar no rol de visitas do presídio, junto à documentação dos familiares dos presos.

Logo nos primeiros dias, ela disse que percebeu as investidas do diretor, que chegou a convidá-la para visitar sua casa. Entretanto, no dia 12 daquele mês, quando estava em sua mesa de trabalho, o suspeito passou por ela e encostou o órgão genital em seu braço.

“Minha colega viu e eu fiquei sem graça. Eu não sabia o que fazer. Eu não sabia se chorava, se saía dali. A única coisa que eu fiz foi dizer ‘ou, isso é assédio sexual’. Ele atravessou a sala rindo, como se fosse uma brincadeira”, afirmou.

No mesmo dia, após a colega com quem trabalha ir embora, a agente disse que o chefe voltou à sala, sentou-se diante dela e começou a dizer que sentia atração por ela. Nesse momento, disse que estava excitado e pediu que colocasse a mão em seu órgão genital.

“Ele falou ‘Não, você vai lá em casa (sic), a gente não vai fazer nada que você não queira.’ Daí eu disse ‘Como é que é?’. Daí ele começou a dizer umas coisas nojentas para mim, que está no depoimento e não quero nem lembrar porque eu começo a passar mal”, relembrou.

Diante da recusa, ainda segundo a agente penitenciária, o diretor se levantou, se posicionou entre os armários da sala, em um local onde as câmeras de segurança não conseguem filmar, abaixou a calça e passou a se masturbar diante dela.

“Eu pensei em tudo. Pensei em jogar a cadeira nele, em jogar o furador de papel nele, em voar na jugular dele, eu pensei em correr dali. Eu pensei em tudo, eu pedia para ele sair da sala, e ele não saía”, afirmou.

A servidora disse então que correu, se trancou no banheiro e permaneceu ali os minutos que faltavam para terminar o expediente. Ela contou que chorou muito e só pensava que poderia fazer nada porque não tinha provas do que havia acontecido.

“Eu me tranquei no banheiro e pensei ‘eu não tenho provas, o que eu vou fazer?’. Eu saí dali me sentindo um lixo, eu chorei dentro do banheiro, eu chorei dentro do ônibus na hora de ir embora. Eu chorei durante três semanas à noite, eu senti medo”, desabafou.

Provas do assédio

A mulher disse que, a partir do episódio, o diretor passou a cercá-la, sempre impedindo que ficasse sozinha com outros funcionários, mas os dois não conversaram sobre o que havia ocorrido. Ela disse ainda que começou a tomar calmantes e chorava com frequência.

Em agosto, uma colega de trabalho percebeu que ela não estava bem e passou a questioná-la sobre isso. A funcionária revelou que sabia que o chefe encostou o órgão genital no braço dela, porque outra servidora que presenciou o fato contou o que havia ocorrido.

“Eu não tinha comentado com ninguém, nem com meu psiquiatra. Então, eu contei o resto e ela ficou indignada, disse que era muito grave e que alguma coisa tinha que ser feita. Foi nesse momento que eu pensei ‘Não posso me deixar acuar”, relembrou.

A servidora disse que, orientada por um amigo, decidiu gravar a confissão do diretor. Usando o celular, chamou o chefe para duas conversas e o questionou sobre o fato. O diálogo foi gravado em áudio, e acabou anexado ao inquérito policial e ao pedido de sindicância.

“Ele contava com meu medo, meu silêncio, minha falta de provas, meu estigma de ser encrenqueira. Eu saí me sentindo culpada, eu saí pensando: o que eu fiz para dar a entender a esse cara que eu não mereço respeito? Eu me senti um lixo”, desabafou.

fonte: G1




sábado, 24 de setembro de 2016

‘Saidinha’ temporária libera 1,5 mil presos em Rio Preto



A terceira saída temporária desse ano liberou 1.521 detentos do Centro de Progressão Penitenciária (CPP) de Rio Preto, na manhã desta quinta-feira, dia 22. Dessa vez, nenhum preso usará a tornozeleira eletrônica. Os reeducandos devem retornar à unidade na próxima quarta-feira, dia 28, até as 16h. Quem não seguir a determinação será considerado foragido da Justiça.

Na última “saidinha”, em junho, dois detentos do CPP - Abner Saulo Oliveira Calixto, 26 anos, e Rodrigo Costa de Lima, 28 anos, junto com outros suspeitos - assassinaram o delegado Guerino Solfa Neto, do Deinter-5. A dupla rendeu a vítima, que estava dentro de sua caminhonete às margens da BR-153, no dia 23 de junho, dois dias após serem liberados temporariamente. Eles e outros dois acusados de participarem do latrocínio, Elias Fernandes Nascimento, 18 anos, e Silvia Rosino Melo, 37 anos, estão presos.

Desde o dia 14 de março, a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) deixou de monitorar presos com a tornozeleira eletrônica porque terminou - e não foi renovado - o contrato entre o governo estadual e o consórcio que fornecia o equipamento. A saída temporária é um benefício concedido para os detentos que apresentam bom comportamento e já cumpriram parte da pena no regime semiaberto. São até cinco saídas ao ano a critério da Justiça.

Pela legislação, enquanto estiveram soltos, os detentos não podem frequentar locais de reputação duvidosa e estão proibidos de permanecer na rua após as 22 horas. Neste período de saída temporária, a Polícia Civil monitora os detentos que foram liberados. Há uma lista com os endereços onde cada um declara que irá estar. Caso sejam flagrados descumprindo as normas, são levados novamente para a delegacia, onde são adotadas as medidas cabíveis.

Evasão

Neste ano, outras duas saídas temporárias foram concedidas pela Justiça de Rio Preto, o que resultou na fuga de 113 detentos do CPP, já que eles não retornaram para o presídio. O primeiro indulto ocorreu em março, quando 1.240 presos ganharam a liberdade e 58 não voltaram para a unidade prisional de regime semiaberto. Em junho, 1.401 reeducandos foram beneficiados e 55 não retornaram.

Além de fugir, alguns presos em “saidinha” voltam a cometer crimes. Levantamento do Diário, mostra que desde 2010 detentos em liberdade temporária participaram de 13 roubos, seis homicídios e dois latrocínios (incluindo o do delegado Guerino). Em 2015, em quatro “saidinhas”, foram liberados 4.528 detentos, com retorno de 4.357, evasão de 171.

Tornozeleiras

Segundo a SAP, uma nova licitação foi feita para a disponibilização de 7 mil tornozeleiras eletrônicas. Mas a entrega dos equipamentos, conforme edital, será feita em duas partes, metade em novembro e metade em dezembro deste ano. “A SAP está mantendo entendimentos com a empresa vencedora da licitação, a fim de antecipar as fases previstas em contrato,” afirmou nota da assessoria de imprensa.

fonte: Diário da Região
créditos: Tatiana Pires