CDP de Mogi das Cruzes
No próximo dia 7 de outubro, 19 detentos do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Mogi das Cruzes e 23 do CDP de Suzano poderão participar das Eleições 2012. Aliás, em todo o Estado, 4.945 presos em unidades penais e Fundação Casa devem escolher seus candidatos a prefeito e vereador.
Segundo a Secretaria da Administração
Penitenciária (SAP), apenas os provisórios, sem condenação transitada em
julgado, ou seja, sem sentença; sem impedimento legal dentro dos
cartórios eleitorais e que manifestaram o interesse em transferir o
título de eleitor podem exercer o direito a voto - por isso, o número de
eleitores é baixo.
No CDP de Mogi, além dos 19 presos, mais
oito pessoas – entre mesários e funcionários – fazem parte da seção,
totalizando 27. Já em Suzano, ao todo, são 36 eleitores.
De acordo com informações do Tribunal
Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo, no dia da eleição, as urnas
ficarão em salas, dentro das unidades penais, que apresentam as mesmas
condições de uma seção fora do presídio, sendo assegurado o sigilo do
voto. A segurança é garantida pelas secretarias de Segurança Pública e
de Administração Penitenciária.
O TRE diz, ainda, que o número de
eleitores aptos pode so-frer alteração porque, no período entre o
cadastramento e o dia da eleição, alguns presos podem ter tido sentença
condenatória transitada em julgado e, portanto, os direitos políticos
suspensos. “Há que se considerar também a mudança de unidade penal, que
impedirá o ato de votar, a não ser que o eleitor volte à unidade em que
foi inscrito e exerça ali seu direito de voto”, salienta a nota do
Tribunal.
Campanha permitida
Apesar de terem assegurado o direito a
voto, os detentos, ao menos do CDP de Mogi, não estão recebendo a visita
de candidatos, mas poderiam se a direção da unidade quisesse.
Segundo a
resolução 23.219 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), “o ingresso dos
candidatos e dos fiscais dependerá da observância das normas de
segurança do estabelecimento penal ou da unidade de internação”. O texto
diz, ainda, que “competirá ao juiz eleitoral definir com o diretor do
estabelecimento ou da unidade de internação a forma de veiculação da
propaganda eleitoral no rádio e na televisão e o respectivo acesso aos
eleitores”.
Apesar disso, a juíza eleitoral da Zona
319, à qual pertence a seção do CDP, Alessandra Laskowski, disse que,
até o momento, não houve pedido deste tipo nem por parte de coligações,
nem da direção da unidade.
Segundo funcionários do CDP de Mogi, a
recomendação é para que nenhum candidato entre lá, tampouco haja
publicidade eleitoral nas dependências, mesmo que de forma indireta, com
adesivos nos carros dos servidores, por exemplo.
Entretanto, os detentos assistem ao
horário eleitoral gratuito pela televisão porque, em todas as celas,
ainda segundo funcionários, existem televisores que são dos próprios
presos.
Para o coordenador da Campanha Nacional
Voto dos Presos, Rodrigo Tönniges Puggina, seria importante que os
candidatos fossem até os presídios para conversar com os detentos. “Até
mesmo para mostrar a eles quais seriam as propostas para melhorar as
condições dentro das unidades, no caso de uma eleição para governador ou
deputado, por exemplo”, salienta.
Ele diz, também, que apesar das
informações sobre as campanhas chegarem até os internos apenas pela TV e
pelo rádio, pesquisas indicam que a tendência é a de que os votos dos
presos acompanhem os dos demais eleitores. “É que eles conversam com
seus familiares e acabam escolhendo os candidatos que a família apoia”,
diz.
Em recente artigo publicado no site do
Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Puggina diz que “por mais bem
intencionados que sejam os governantes, a história ensina que os mesmos
se preocupam muito mais com os problemas de seus prováveis eleitores” e
que “ficam inertes à questão penitenciária”. “Será que é possível que
algum governante se preocupe com políticas públicas para o sistema
prisional, lute por verbas para melhorias, sendo o preso um invisível
político?”, questiona o coordenador.
(Sabrina Pacca)
fonte: O Diário de Mogi
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