Os funcionários do Complexo Penitenciário Campinas (SP) - Hortolândia
(SP) fazem uma paralisação nesta sexta-feira (17) contra os ataques aos
agentes penitenciários, segundo o sindicato da categoria.
Nesta quinta (16) um deles foi assassinado a tiros no entroncamento das rodovias Dom Pedro I e Anhanguera, e no dia 9 outro profissional foi ferido ao chegar em casa, também a tiros.
Segundo o diretor regional do Sindicato dos Agentes de Segurança
Penitenciária de SP (Sindasp), Carlos Rufino, o movimento de indignação
foi organizado pelos próprios agentes. A entidade apoia
os
trabalhadores.
Desde as 6h funcionários dos turnos da madrugada e da manhã estão reunidos na frente do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Hortolândia.
A entrada de veículos está restrita aos funcionários. Uma camisa do
uniforme do complexo com uma marca de sangue é usada no ato.
De acordo com a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), a
investigação do homicídio crime será realizada pelo Departamento de
Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) confirmou a informação sobre a
investigação da morte e, sobre o caso de 9 de julho, informou que há
inquérito policial instaurado para apurar a tentativa de homicídio no 1º
DP de Hortolândia.
Sem trabalho e visitações
Rufino confirmou que nenhum preso das duas unidades do sistema
semiaberto serão liberados para trabalhar nesta sexta. Ônibus das
empresas formaram fila na entrada do presídio, sem poder entrar.
A previsão é que também não seja permitida a entrada de familiares dos
presos durante a visita do fim de semana em nenhuma das seis unidades do
complexo de prisões, segundo o Sindasp.
Na próxima segunda (20) uma
reunião entre os agentes definirá os rumos do protesto.
Vulneráveis
O agente Makfran Souza, há 10 anos no sistema penitenciário, contou ao G1 nesta sexta que os profissionais trabalham sem respaldo do estado.
"Faltam coletes balísticos, acautelamento de armas, treinamento para
utilizar os equipamentos. Estamos ao Deus dará. Pedimos a sensibildiade
do estado de cuidar mais dos seus agentes", afirma Souza.
Souza é diretor do núcleo de segurança do CDP e afirma já ter recebido
ameaças. "É normal receber ameaças. Você só depende de você pra
conseguir se manter. Estamos vulneráveis porque o complexo, que era para
ser uma área restrita de segurança, tem sempre movimento de pessoas
estranhas no entorno", relata.
Segundo Rufino, antes dos dois ataques deste mês, os agentes receberam a
informação, dentro dos presídios, de que haveria mortes.
"Existe uma denúncia que teve uma ligação que iam morrer dois agentes
na unidade. Houve esse comentário dentro do presídio. Eles estão
apreensivos porque a própria investigação sempre leva no sentido de uma
tentativa de roubo, assalto, e na verdade a gente está sendo executado",
afirma o diretor do sindicato.
Mais segurança
Para o diretor regional do sindicato, é necessário ter mais
policiamento e monitoramento por câmeras no entorno do complexo
penitenciário.
"Vamos pedir policiamento. Os agentes têm vários pedidos para fazer
para a coordenadoria, melhorar a iluminação, colocar câmeras de alta
definição pra ver quem passa na rua, porque hoje não tem. Eles querem
uma resposta das autoridades em relação aos ataques. Não estão
conseguindo solucionar os crimes", afirma.
A Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) disse que ainda vai se posicionar sobre as medidas de segurança.
Ataques em julho
Nesta quinta, o agente penitenciário Rodrigo Ballera Miguel foi morto a
tiros no começo da noite, no entroncamento das rodovias Anhanguera com a
Dom Pedro I, na altura do km 103 sentido capital, em Campinas (SP).
De acordo com a Polícia Rodoviária, a vítima estava dirigindo quando
uma moto se aproximou e efetuou vários disparos. A vítima era
funcionária do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Campinas.
"Esse agente que morreu foi num lugar que dá acesso à Dom Pedro, tem
grande movimentação de carros. Teve testemunhas. Não tem como enquadrar
num roubo, o carro dele era um Fiat Uno modelo antigo. A gente acha que
ele foi seguido daqui da porta do presídio até o local do fato", afirma
Rufino.
Segundo o agente Souza, o colega de profissão que foi morto estava há
dois anos no complexo e trabalhava no setor de enfermaria.
Também em uma quinta-feira, no dia 9, um agente penitenciário foi
baleado ao estacionar em frente à própria casa, no Jardim Adelaide, em
Hortolândia (SP). A vítima de 48 anos contou à polícia que um veículo
parou ao lado dele e fez os disparos. Foram pelo menos 10 e um deles
atingiu o agente nas costas. Ele foi hospitalizado em Sumaré.
A vítima dirigia uma caminhonete, que ficou com a marca dos tiros. O
portão da casa do agente também foi atingido por disparos. Os criminosos
fugiram sem roubar nada. À polícia, o agente contou que percebeu que
estava sendo seguido logo que deixou a unidade penitenciária que
trabalha.
fonte: G1
créditos: Patrícia Teixeira
Nenhum comentário:
Postar um comentário