sexta-feira, 17 de julho de 2015

Após morte de agente, protesto para complexo penitenciário nesta sexta



Os funcionários do Complexo Penitenciário Campinas (SP) - Hortolândia (SP) fazem uma paralisação nesta sexta-feira (17) contra os ataques aos agentes penitenciários, segundo o sindicato da categoria. 

Nesta quinta (16) um deles foi assassinado a tiros no entroncamento das rodovias Dom Pedro I e Anhanguera, e no dia 9 outro profissional foi ferido ao chegar em casa, também a tiros.

Segundo o diretor regional do Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária de SP (Sindasp), Carlos Rufino, o movimento de indignação foi organizado pelos próprios agentes. A entidade apoia 
os trabalhadores.

Desde as 6h funcionários dos turnos da madrugada e da manhã estão reunidos na frente do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Hortolândia. A entrada de veículos está restrita aos funcionários. Uma camisa do uniforme do complexo com uma marca de sangue é usada no ato.

De acordo com a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), a investigação do homicídio crime será realizada pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) confirmou a informação sobre a investigação da morte e, sobre o caso de 9 de julho, informou que há inquérito policial instaurado para apurar a tentativa de homicídio no 1º DP de Hortolândia.

Sem trabalho e visitações
 
Rufino confirmou que nenhum preso das duas unidades do sistema semiaberto serão liberados para trabalhar nesta sexta. Ônibus das empresas formaram fila na entrada do presídio, sem poder entrar.

A previsão é que também não seja permitida a entrada de familiares dos presos durante a visita do fim de semana em nenhuma das seis unidades do complexo de prisões, segundo o Sindasp. 

Na próxima segunda (20) uma reunião entre os agentes definirá os rumos do protesto.

Vulneráveis
 
O agente Makfran Souza, há 10 anos no sistema penitenciário, contou ao G1 nesta sexta que os profissionais trabalham sem respaldo do estado.

"Faltam coletes balísticos, acautelamento de armas, treinamento para utilizar os equipamentos. Estamos ao Deus dará. Pedimos a sensibildiade do estado de cuidar mais dos seus agentes", afirma Souza.

Souza é diretor do núcleo de segurança do CDP e afirma já ter recebido ameaças. "É normal receber ameaças. Você só depende de você pra conseguir se manter. Estamos vulneráveis porque o complexo, que era para ser uma área restrita de segurança, tem sempre movimento de pessoas estranhas no entorno", relata.

Segundo Rufino, antes dos dois ataques deste mês, os agentes receberam a informação, dentro dos presídios, de que haveria mortes.

"Existe uma denúncia que teve uma ligação que iam morrer dois agentes na unidade. Houve esse comentário dentro do presídio. Eles estão apreensivos porque a própria investigação sempre leva no sentido de uma tentativa de roubo, assalto, e na verdade a gente está sendo executado", afirma o diretor do sindicato.

Mais segurança
 
Para o diretor regional do sindicato, é necessário ter mais policiamento e monitoramento por câmeras no entorno do complexo penitenciário.

"Vamos pedir policiamento. Os agentes têm vários pedidos para fazer para a coordenadoria, melhorar a iluminação, colocar câmeras de alta definição pra ver quem passa na rua, porque hoje não tem. Eles querem uma resposta das autoridades em relação aos ataques. Não estão conseguindo solucionar os crimes", afirma.

A Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) disse que ainda vai se posicionar sobre as medidas de segurança.

Ataques em julho
 
Nesta quinta, o agente penitenciário Rodrigo Ballera Miguel foi morto a tiros no começo da noite, no entroncamento das rodovias Anhanguera com a Dom Pedro I, na altura do km 103 sentido capital, em Campinas (SP).

De acordo com a Polícia Rodoviária, a vítima estava dirigindo quando uma moto se aproximou e efetuou vários disparos. A vítima era funcionária do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Campinas.

"Esse agente que morreu foi num lugar que dá acesso à Dom Pedro, tem grande movimentação de carros. Teve testemunhas. Não tem como enquadrar num roubo, o carro dele era um Fiat Uno modelo antigo. A gente acha que ele foi seguido daqui da porta do presídio até o local do fato", afirma Rufino.

Segundo o agente Souza, o colega de profissão que foi morto estava há dois anos no complexo e trabalhava no setor de enfermaria.

Também em uma quinta-feira, no dia 9, um agente penitenciário foi baleado ao estacionar em frente à própria casa, no Jardim Adelaide, em Hortolândia (SP). A vítima de 48 anos contou à polícia que um veículo parou ao lado dele e fez os disparos. Foram pelo menos 10 e um deles atingiu o agente nas costas. Ele foi hospitalizado em Sumaré.

A vítima dirigia uma caminhonete, que ficou com a marca dos tiros. O portão da casa do agente também foi atingido por disparos. Os criminosos fugiram sem roubar nada. À polícia, o agente contou que percebeu que estava sendo seguido logo que deixou a unidade penitenciária que trabalha.


fonte: G1 
créditos: Patrícia Teixeira









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