O estudante Adriano de Assis Alves, 21 anos, de São José dos Campos (SP), passou seis dias na prisão sem ter cometido crime algum.
Ele foi preso e levado para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Potim, na mesma região, no lugar de um amigo de adolescência que era procurado por roubo. O verdadeiro criminoso, quando preso em um assalto, em 2007, havia se passado por Adriano. A polícia não checou os dados fornecidos pelo assaltante, que não portava nenhum documento. A família do rapaz preso injustamente quer, agora, processar o Estado para exigir indenização.
O estudante foi detido em sua casa, em março deste ano. Ele tentou argumentar que não era fugitivo e comprovou que estudava numa faculdade, mas os policiais cumpriram o mandado de prisão. De acordo com a mãe do rapaz, Cleuza de Assis Alves, os policiais disseram que ele tinha que ir preso de qualquer maneira e que a sua alegação seria averiguada. "Ele foi e não voltou, aí ficamos sabendo que ele tinha sido preso por um assalto, mas como, se ele sempre foi um rapaz direito e estudioso?", disse a mãe.
O verdadeiro assaltante, Jeferson Matheus dos Santos Domingues, é negro e tem 1,80 m de altura, enquanto Adriano é branco e mede 1,67, mas a diferença física não foi levada em conta.
No ano passado, quando já cumpria o regime semi-aberto, Jeferson fugiu da prisão e a ordem de captura foi expedida em nome de Adriano. De acordo com a mãe, o rapaz passou "por maus bocados" na cadeia. "Ele falava que era engano, mas ninguém acreditava". O diretor da unidade percebeu que havia algo errado quando puxou a ficha que estava em nome de Adriano e a foto era de outra pessoa. Mesmo assim, o estudante só foi solto depois que contratou um advogado. Assim que o caso chegou ao Fórum criminal, a Justiça mandou libertar o estudante.
O delegado seccional de São José dos Campos, Roberto Martins, reconheceu que houve erro.
Segundo ele, quando Jeferson foi preso, sua digital deveria ser conferida com a da cédula de identidade cujo número ele forneceu, no caso, a de Adriano. Ele mandou abrir um inquérito para apurar quem cometeu a falha. O verdadeiro criminoso, preso depois que o engano foi desfeito, ainda será processado por falsidade ideológica, por ter se passado por outra pessoa. A mãe do estudante disse que o advogado vai entrar com ação por danos morais. "Passamos dias horríveis com o Adriano na cadeia e as pessoas nos olhando torto na rua, sem contar que ele tentou arrumar emprego e estava com o nome fichado".
fonte: Veja
créditos: José Maria Tomazela - Agência Estado
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