"Horrível. Simplesmente horrível, não tem outra palavra para expor o drama de quem está preso e de nós, funcionários." A frase, dita por um representante do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo (Sifuspesp), demonstra a sensação de incerteza e de medo vivida pelos agentes que têm que trabalhar em condições desfavoráveis, sobretudo, a superlotação de presos.
De acordo com ele, que prefere não se identificar por motivos de segurança, a precariedade existe em ambos os lados, seja para presos como servidores públicos. Classificou a situação como "desumana" e cita que as celas do CDP, projetadas para nove camas, abrigam média de 20 a 25 pessoas. Criticou a falta de política carcerária e destacou que enquanto os presos se revoltam, por ficar amontoados em dia de calor, os agentes são obrigados a fazer contagem e revista nas celas sozinhos ou, no máximo, acompanhado de outro funcionários.
Diante dessa situação, o representante sindical acredita que a "ressocialização é uma utopia. Por mais que tentem com penas alternativas, nada funciona", e questiona: "em São Paulo, onde os CDPs foram projetados com 12 camas por cela (o CDP de Sorocaba tem número menor de camas porque o prédio, originalmente foi construído para servir como cadeia), há média de 50 pessoas juntas. Isso mexe com a estrutura de qualquer um, e ainda querem que o preso saia ressocializado?".
Com o perigo de rebeliões, o sindicalista aponta que "não existe unidade tranquila, as rebeliões podem estourar a qualquer momento", o que, segundo ele, aumenta a tensão por parte dos funcionários. Agravante, continuou, é que estes trabalham em número inferior ao necessário (não divulgam números também por estratégia de segurança) e há desvio de funções.
"O agente é contratado para fazer a segurança interna, movimentação de preso, mas acaba indo para o setor administrativo. De cada dez, pelo menos sete estão em desvio de função."
Outra queixa é a redução de funcionários por conta de férias, licença médica, transferências ou mudança de emprego. Com categorias que vão de classes 1 a 8, o salário base do agente de segurança penitenciária varia de R$ 626,98 a R$ 1.172,62. Mais os adicionais incorporados, os vencimentos chegam, respectivamente, a R$ 1.993,96 e a R$ 3.160,24 (depois de 15 anos).
fonte: Jornal Cruzeiro do Sul
créditos: Adriane Mendes
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