A greve dos agentes penitenciários de São Paulo atingiu
80 das 158 unidades do Estado nesta segunda-feira, primeiro dia de
paralisação, informou o Sindicato dos Agentes Penitenciários do Estado
de São Paulo (Sindasp). Segundo a entidade, já são 16 mil servidores em
greve. A paralisação deve continuar amanhã, mesmo com reunião com o
governo marcada para as 10h.
De acordo com o sindicato, ao ficar sabendo da greve, o
governo do Estado enviou um comunicado, assinado pelo secretário de
Administração Penitenciária, Lourival Gomes, informando que serão
abertas sindicâncias disciplinares contra os servidores grevistas. “O
comunicado ajudou a aumentar a adesão ao movimento. Começamos com 20
unidades, mas com a divulgação desse comunicado, o número de unidades
aumento e agora já somos 80”, disse o presidente do Sindasp, Daniel
Grandolfo.
Segundo ele, os agentes ficaram revoltados com o tom
imperativo dado pelo secretário na carta, enviada aos coordenadores
regionais de presídio. “Parece que nem estamos na democracia”, afirmou.
A assessoria da Secretaria de Administração
Penitenciária (SAP) disse que não tem conhecimento do comunicado.
Segundo a secretaria, a posição oficial do governo é que os presidentes
de sindicatos sabiam desde quinta-feira da realização da reunião de
amanhã, que discutirá a pauta da categoria.
“Nosso primeiro item amanhã será pedir o cancelamento
dessa medida punitiva”, afirmou Grandolfo. Apesar de existir três
sindicatos, o Sindasp é o mais forte e o que reúne o maior número de
agentes penitenciários, por isso, segundo o presidente, a expectativa é
de que o movimento cresça ainda mais durante esta segunda-feira.
A paralisação já surtiu os primeiros efeitos. Os
presídios amanheceram com faixas fixadas nos portões de entrada
alertando sobre a greve. Em unidades da região noroeste, como no Centro
de Progressão Penitenciária (CPP) de São José do Rio Preto, vans que
chegaram para buscar presos para trabalhar tiveram de retornar vazias.
No complexo penal de Mirandópolis, advogados não puderam visitar seus
clientes.
Além desses serviços, também está cortada a entrega de
encomendas dos correios aos presos e suspensas as remoções de presos e
os atendimentos com psicólogos e assistentes sociais. Apenas três
serviços essenciais, de alimentação, saúde e banho de sol aos presos,
serão mantidos, segundo o sindicato.
O movimento grevista é em protesto contra a superlotação
de detentos e falta de funcionários - as unidades prisionais, segundo o
próprio site da SAP, estão com superlotação três vezes superior à
capacidade e, segundo sindicato, há déficit de 10 mil agentes. Na semana
passada, agentes da penitenciária de Martinópolis fizeram
abaixo-assinado pedindo para que a direção não aceitasse mais presos
porque a superlotação estava inviabilizando o trabalho deles. O pedido
não foi aceito.
Os agentes também cobram o cumprimento, pelo governo, da
pauta de reivindicações da categoria, que prevê, entre outras coisas,
correção salarial de 20,64%, referente à inflação do período entre 2007 e
2012, legalização e pagamento do serviço de bico, redução do número de
carreiras e pagamento de auxílio-refeição para todos agentes, entre
outras reivindicações.
fonte: Terra
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