segunda-feira, 10 de março de 2014

Greve de agentes penitenciários atinge 80 presídios de São Paulo

A greve dos agentes penitenciários de São Paulo atingiu 80 das 158 unidades do Estado nesta segunda-feira, primeiro dia de paralisação, informou o Sindicato dos Agentes Penitenciários do Estado de São Paulo (Sindasp). Segundo a entidade, já são 16 mil servidores em greve. A paralisação deve continuar amanhã, mesmo com reunião com o governo marcada para as 10h.


De acordo com o sindicato, ao ficar sabendo da greve, o governo do Estado enviou um comunicado, assinado pelo secretário de Administração Penitenciária, Lourival Gomes, informando que serão abertas sindicâncias disciplinares contra os servidores grevistas. “O comunicado ajudou a aumentar a adesão ao movimento. Começamos com 20 unidades, mas com a divulgação desse comunicado, o número de unidades aumento e agora já somos 80”, disse o presidente do Sindasp, Daniel Grandolfo.

Segundo ele, os agentes ficaram revoltados com o tom imperativo dado pelo secretário na carta, enviada aos coordenadores regionais de presídio. “Parece que nem estamos na democracia”, afirmou.

A assessoria da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) disse que não tem conhecimento do comunicado. Segundo a secretaria, a posição oficial do governo é que os presidentes de sindicatos sabiam desde quinta-feira da realização da reunião de amanhã, que discutirá a pauta da categoria.


“Nosso primeiro item amanhã será pedir o cancelamento dessa medida punitiva”, afirmou Grandolfo. Apesar de existir três sindicatos, o Sindasp é o mais forte e o que reúne o maior número de agentes penitenciários, por isso, segundo o presidente, a expectativa é de que o movimento cresça ainda mais durante esta segunda-feira.


A paralisação já surtiu os primeiros efeitos. Os presídios amanheceram com faixas fixadas nos portões de entrada alertando sobre a greve. Em unidades da região noroeste, como no Centro de Progressão Penitenciária (CPP) de São José do Rio Preto, vans que chegaram para buscar presos para trabalhar tiveram de retornar vazias. No complexo penal de Mirandópolis, advogados não puderam visitar seus clientes.


Além desses serviços, também está cortada a entrega de encomendas dos correios aos presos e suspensas as remoções de presos e os atendimentos com psicólogos e assistentes sociais. Apenas três serviços essenciais, de alimentação, saúde e banho de sol aos presos, serão mantidos, segundo o sindicato.


O movimento grevista é em protesto contra a superlotação de detentos e falta de funcionários - as unidades prisionais, segundo o próprio site da SAP, estão com superlotação três vezes superior à capacidade e, segundo sindicato, há déficit de 10 mil agentes. Na semana passada, agentes da penitenciária de Martinópolis fizeram abaixo-assinado pedindo para que a direção não aceitasse mais presos porque a superlotação estava inviabilizando o trabalho deles. O pedido não foi aceito.


Os agentes também cobram o cumprimento, pelo governo, da pauta de reivindicações da categoria, que prevê, entre outras coisas, correção salarial de 20,64%, referente à inflação do período entre 2007 e 2012, legalização e pagamento do serviço de bico, redução do número de carreiras e pagamento de auxílio-refeição para todos agentes, entre outras reivindicações.


fonte: Terra 
 

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