Pacientes idosos aguardam atendimento médico sentados em cadeira de
rodas nos corredores enquanto os acompanhantes, em pé, gritam por pressa
no atendimento. A cena, flagrada pela reportagem do iG em fevereiro de
2013, permanece a mesma no pronto-socorro do Hospital do Servidor
Público do Estado (HSPE) um ano depois.
Na última quarta-feira (19), a aposentada Terezinha de Jesus, de 75
anos, chegou à emergência às 9h para realizar exames de sangue e receber
uma vacina que retarda o desgaste de seus ossos. “Estou esperando para
colherem o sangue. Já são quatro da tarde”, diz ela. “Aqui vem muita
gente. Já vi perua lotada de servidor vindo do interior. Pelo menos os
médicos e enfermeiros são bons.”
Diante da superlotação do P.S – que recebe 500 pessoas por dia – e da
falta de estrutura em outros setores do hospital, o governo do Estado
liberou R$ 146,7 milhões no ano passado para que a autarquia responsável
pelo complexo, o Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público
Estadual (Iamspe), entregasse uma grande reforma até maio do ano que
vem.
No planejamento divulgado em maio de 2013, o Iamspe projetava contratar
hospitais de retaguarda para ajudar no atendimento enquanto o serviço
de emergência passasse por reformas. A novidade era a construção de um
pronto-socorro exclusivo para idosos, 60% dos pacientes atendidos.
Questionado a respeito, o Iamspe afirmou que apenas um pronto
pronto-socorro sairá do papel, mas “o espaço receberá características
especiais para atendimento à população idosa, incluindo adequação de
consultórios e área física com dimensões de acessibilidade”: “O novo
pronto-socorro, em novo espaço, e não no local em que o iG visitou, não
só começou a ser construído como será o primeiro a ser entregue, entre
os vários projetos da reforma, provavelmente em abril de 2014.”
As mudanças são aguardadas com ansiedade pela dona de casa Roseli
Nascimento Magalhães (45), que esperava desde as 10h30 por um exame de
raio X para avaliar o estágio de um processo degenerativo nos músculos.
“Já ouvi falar dessa reforma. Eu não acho que a demora seja descaso
porque sempre fui bem atendida aqui. O problema é que não para de chegar
paciente.”
Menos conformado estava o aposentado J.L.X, que gritava por atendimento
para a mãe, de 83 anos, sentada em uma cadeira de rodas no corredor
“sentindo fortes dores de cabeça”. “Bom atendimento? Você acha que isso é
ser bem atendido?”
Fonte: IG