segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

São Paulo faz varredura em presídios para apreender celulares e isolar facções



Uma equipe do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), do Ministério da Justiça, está ajudando a polícia de São Paulo a varrer os 143 presídios existentes no Estado em busca de aparelhos de telefone celular em poder da facção Primeiro Comando da Capital (PCC) e de outras quadrilhas que comandam o crime de dentro das prisões.

A operação foi definida depois que a Secretaria de Segurança Pública aceitou a oferta do Ministério da Justiça. O Depen passou a disponibilizar técnicos e equipamentos eletrônicos para organizar o monitoramento. É parte do esforço de cooperação para integrar as polícias estaduais e federais em São Paulo.

A arma para cortar a comunicação do PCC com criminosos soltos é resultado da evolução tecnológica. Conhecido tecnicamente GI-2, a engenhoca é uma infalível ferramenta de varredura: intercepta com precisão milimétrica o aparelho e o chip com o número do telefone, normalmente escondidos em locais de difícil localização visual nas celas.

Instaladas dentro ou nas imediações das cadeias, as maletas com o GI-2 monitoram os sinais emitidos pelas ligações telefônicas e produzem relatórios com os números dos aparelhos e chips em atividade. Atualmente de uso exclusivo do Ministério da Justiça, o equipamento é operado por uma equipe técnica do Depen em ação conjunta com as áreas de inteligência e operações da polícia.

Uma vez localizado, o aparelho pode ser apreendido ou, dependendo das investigações em curso, mantido sob o controle da polícia. Desde 2011, o GI-2 localizou perto de 10 mil aparelhos celulares em sete Estados cujos governos requisitaram os serviços ao Ministério da Justiça.

Em Estados como a Bahia, segundo dados do Ministério da Justiça, a apreensão dos aparelhos celulares ajudou a reduzir a criminalidade em geral em até 25%. É a constatação de que grande parte dos crimes - como roubos a bancos, a carros de transportes de valores ou tráfico de drogas - são planejados dentro das cadeias e nas barbas dos gestores do sistema prisional.

No caso de São Paulo foi também dos presídios que partiram as ordens para a execução de policiais na onda de violência que envolve, de um lado, a PM e, de outro, os chefões do PCC. O acordo de cooperação entre Depen e Secretaria de Assuntos Penitenciários de São Paulo envolve também a transferência de criminosos de alta periculosidade para as prisões federais.

O Depen administra atualmente quatro prisões federais: Catanduvas (PR), Porto Velho (RO), Mossoró (RN) e Campo Grande (MS). Juntas elas têm capacidade para 832 vagas. São equipadas com sistemas de monitoramento eletrônico que impedem o uso de telefones celulares e, com regime disciplinar e de visitas diferenciado, consideradas a prova de fuga.

As ações integradas foram organizadas a partir do final do ano passado, na esteira da onda de violência provocada pela guerra entre PM paulista e PCC, depois que a presidenta  Dilma Rousseff e o governador Geraldo Alckmin abriram negociações que resultaram em convênios na área de segurança pública. O entendimento rompeu o histórico impasse entre Ministério da Justiça e Secretaria de Segurança, permitindo o planejamento de ações em conjuntas para enfrentar as facções.


fonte: IG São Paulo
créditos: Vasconcelo Quadro 


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