Os presídios do noroeste paulista estão acima da capacidade. O número
de detentos nas celas é muito maior do que as estruturas comportam. A
confirmação é da própria SAP, Secretaria de Administração Penitenciária.
Na região de Araçatuba (SP), a penitenciária de Andradina
(SP) tem 1.890 detentos, mas a capacidade é para apenas 829, ou seja,
1.061 presos a mais. O mesmo ocorre nas penitenciárias de Lavínia
(SP). As unidades 1, 2 e 3, juntas, comportam 2.532 detentos, mas
abrigam atualmente 5.785. São 3.253 mil presos a mais. O presídio de Valparaíso
(SP) também está abarrotado e tem cerca de mil detentos a mais do que a
capacidade permitida. A capacidade é de 873 presos e atualmente tem
1.867 mil.
Só nas penitenciárias de São José do Rio Preto (SP)
o déficit é de mais de 1.300 vagas. O Centro de Progressão
Penitenciária, por exemplo, está com 864 presos a mais que a capacidade
permitida. Esse presídio é do regime semiaberto. A situação nesse caso
piorou ainda mais depois de uma decisão recente do Supremo Tribunal
Federal.
“Se valendo de um instrumento legal, com força vinculante a toda
administração pública, entendeu que a pessoa não poderia ficar em um
regime mais gravoso do que o fixado na sentença. Por isso, os presos em
regime fechado, aguardando vaga no semiaberto, foram deslocados para o
regime intermediário”, afirma o defensor público Leandro Castro de
Silva.
O secretário geral do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional
do Estado de São Paulo João Alfredo de Oliveira alerta para o perigo da
superlotação. “Uma unidade superlotada não é boa para ninguém. É ruim
para o preso, para o agente, e para a sociedade, com riscos de fuga e
rebelião”, afirma.
Para o juiz Adeilson Ferreira Negri, a superlotação preocupa não só por
conta da segurança, mas também porque afeta a ressocialização dos
presos. “Você pega a cadeia com número acima de presos não há vagas de
trabalho para todos os presos e a maioria fica na ociosidade e isso
prejudica a ressocialização”, afirma.
O defensor público afirma ainda que a construção de novos presídios não
resolve o problema já que seria necessário para dar conta dessa demanda
a construção de um presidio a cada 15 dias. “Esse déficit vem
aumentando significativamente nos últimos anos e o Estado não tem
condições de fazer frente a uma demanda tão grande de vagas que
diuturnamente a gente vê”, afirma.
A Secretaria de Administração Penitenciária diz que a solução é a
construção de novos Centros de Detenção Provisória. A SAP afirmou que
duas unidades estão sendo feitas na região, em Icém (SP) e Nova
Independência (SP), mas reconheceu que as duas estão com as obras em
atraso. Uma tem previsão de entrega em janeiro e a outra em julho do ano
que vem.
Fonte: G1
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