domingo, 19 de julho de 2015

Penitenciária de Mairinque está sem água, comida e médico





Familiares de detentos e o Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo (Sifuspesp) denunciaram a falta de estrutura na Penitenciária Masculina de Mairinque. A ausência de médicos e dentistas, a falta de água e até de comida para os detentos estão entre as principais queixas levantadas. Mulheres dos presos ainda criticam as recentes proibições de visitas, ocasionadas pelas falhas nos equipamentos de revista.
 
Esposa de um dos presos, Andreia Regina Camargo disse que a unidade está sem médicos e dentistas e que existem muitos detentos doentes. Ela citou que semana passada um preso morreu na unidade e que a meningite seria a causa. “Sabemos que essa doença pode ser transmitida e a situação está complicada”, afirmou. 
 
Andreia Regina ressaltou ainda que os equipamentos para fazer a revista nos visitantes, o chamado “banquinho”, está com defeito no seu sensor e que muitas mulheres foram impedidas de visitar seus parentes na unidade. Ela comentou que os “ganchos” duram de 15 a 60 dias. Andreia Regina explicou que a unidade não está cumprindo o determinado de encaminhar para unidade médica ou também de chamar a polícia para fazer a revista. “Eles (presos) fizeram coisa errada, só que eles estão lá para cumprir a pena deles.”
 
Esposa de outro detento, Jéssica de Souza Alves sentiu na pele o problema da revista. Ela e seus dois filhos, de dois e cinco anos, ficaram impossibilitados de fazer a visita, já que o aparelho apitou para 40 mulheres e ninguém foi liberado para entrar. “Tive que voltar para Sorocaba com meus dois filhos na chuva. Estamos há 15 dias sem fazer visita.”
 
Jessica disse, ainda, que além da falta de médicos, existe até a falta de alimentação. “Não tem estrutura nenhuma. Outro dia faltou comida para os presos e eles comeram canjica.”
 
 
Buscar solução
 
As informações também foram confirmadas por Geraldo Arruda, que é coordenador da regional de Sorocaba do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo (Sifuspesp). Arruda antecipou que o sindicato deve se reunir, provavelmente na semana que vem, com o coordenador das Unidades Prisionais da Região Central do Estado, Jean Ulisses Campos Carlucci, para dar ciência da situação e buscar providências. 
 
Ele informou que a unidade de Mairinque muitas vezes empresta alimentação da Penitenciária de Sorocaba, Antonio de Souza Neto, a PII, para dar aos seus funcionários. O coordenador do sindicato afirmou ainda que a unidade realmente está sem médicos e dentistas. “Lá, como unidade nova, não existe nenhuma estrutura.”
 
Sobre a questão das revistas, Geraldo Arruda informou que as unidades ainda não receberam os scanners prometidos pelo governo do Estado de São Paulo, de acordo com lei sancionada há mais de seis meses pelo governador Geraldo Alckmin e que colocou um fim às revistas íntimas consideradas “vexatórias.” 
 
 
Água
 
O coordenador do Sifuspesp confirmou também que a unidade tem problemas de abastecimento de água e que, por este motivo, a penitenciária tem um número de presos inferior à sua capacidade. De acordo com a Secretaria de Assuntos Penitenciários (SAP), dados de segunda-feira (dia 13 de julho), a unidade tem atualmente 514 presos e capacidade de 847 detentos. O assunto foi manchete do jornal Cruzeiro do Sul do dia 18 de junho e a construção do poço artesiano para abastecer a unidade, segundo moradores dos entornos do presídio, deixou os poços caseiros do bairro Jardim Cristal sem água. O problema vem sendo acompanhado pela Sabesp. “Isso é falta de planejamento total, além do que a unidade foi construída no meio do mato, longe de tudo.”
 
Arruda citou que todos estes problemas geram uma instabilidade na unidade prisional e colocam em risco a segurança dos detentos e dos funcionários.


fonte: Jornal Cruzeiro do Sul

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