O depoimento de um delegado obtido pelo jornal "O Estado de S. Paulo"
mostrou que o governo paulista fez um acordo com uma facção criminosa
para encerrar ataques contra policias em 2006, informou o Jornal Hoje
nesta segunda-feira (27). Já o atual secretário da Segurança Pública,
Alexandre de Moraes, nega qualquer negociação do governo com criminosos.
Segundo a reportagem do jornal "O Estado", a declaração sobre o acordo
foi dada pelo delegado Luiz Ramos Cavalcanti em um processo judicial que
investiga advogados supostamente ligados ao crime organizado. Os 293
ataques contra bases e postos da Polícia Militar, além de delegacias
mataram 152 pessoas, entre elas 45 civis, policiais civis, militares,
agentes carcerários e guardas.
Na época, então secretário estadual da Administração Penitenciária
Nagashi Furukawa determinou o isolamento de 765 presos, incluindo um dos
líderes da facção Marcos Camacho, o Marcola, que estava preso em
Presidente Venceslau e foi transferido para o presídio de Presidente
Bernardes.
De acordo com a reportagem de "O Estado", o delegado participou do
encontro. A proposta da facção, feita pela advogada Iracema Vasciaveo,
era que os ataques parariam depois que houvesse a confirmação de que
Marcola não havia sido torturado por policiais e que os presos
amotinados não seriam agredidos.
No depoimento, o delegado também afirmou que o então governador Cláudio
Lembo autorizou o encontro, que ocorreu dentro do presídio de segurança
máxima Presidente Bernardes. Ao Jornal Hoje, a assessoria do governo de
São Paulo divulgou uma nota afirmando que o fato do estado concordar
que não haveria represálias contra os presos não significa acordo.
O comunicado informou ainda que é obrigação do estado não fazer
represálias. Segundo a assessoria de imprensa do governo, a nota também
responde pelo ex-secretário da Segurança Pública Saulo de Castro Abreu
Filho, que atualmente é secretário de governo.
A produção do Jornal Hoje não conseguiu falar com então governador
Cláudio Lembo nem com então secretário da Administração Penitenciária
Nagashi Furukawa para comentarem o assunto.
Durante divulgação de dados sobre a criminalidade em São Paulo na manhã
desta segunda-feira, o atual secretário da Segurança Pública, Alexandre
de Moraes, negou qualquer acordo do governo com facções e/ou
criminosos.
"Nós não fazemos nenhum acordo com bandido, nenhum acordo com
criminosos, sejam eles de facções criminosas, sejam eles de não facções
criminosas. Tanto que todos os líderes, os grandes líderes de facção
criminosas continuam presos em regime diferenciado disciplinar", disse.
fonte: G1
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