quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Sete em cada dez presos não têm ensino fundamental

Falta de investimento e baixa qualidade levam aluno a desistir da escola, diz especialista

Que a maior parte dos presos brasileiros não tem estudo todo mundo sabe. Mas cerca de 71% da população carcerária brasileira não possui nem o ensino fundamental completo. Essa faixa, que se refere do 1º ao 8º ou 9º ano, teve uma média de desistência de 2,8% no Brasil em 2011.

Esse cenário é fruto do cruzamento de informações que o R7 fez com base em informações do Depen (Departamento Penitenciário Nacional) e do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira).

Considerando apenas o ensino médio, que vem depois do fundamental, 10% dos presos começaram essa etapa da vida escolar, mas desistiram no meio do caminho. Esta taxa é superior à média nacional, onde 9,5% dos alunos desistem no meio do trajeto.


Esse é um dos reflexos da situação educacional e prisional no País, segundo José Marcelino de Rezende Pinto, da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto. O professor também acredita que o investimento é feito da maneira errada.

— Uma educação de baixa qualidade obviamente deixa o jovem sem horizonte, despreparado. O jovem não vê alternativa. Aí, de outro lado, você tem um apelo muito forte com a questão das drogas.


Essa ligação entre educação e criminalidade é normalmente apontada como causa da violência. Ainda assim, os gastos realizados com alunos no País não superam os gastos com presos.

Um preso estadual custa em média R$ 1.800 por mês ao governo, segundo o Depen, do Ministério da Justiça. Já o que é investido em um aluno de 1ª a 4ª série é aproximadamente R$ 267, aponta o Inep. O professor José Marcelino também critica esta distância entre os valores.

— É um pouco a lógica da política pública. De um lado você tem o fantasma da violência, que impacta muito a classe média, que a mídia repercute muito. Por outro lado, quem estuda na escola pública são os pobres, que têm um poder muito menor de expressar sua insatisfação.


fonte: R7


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