Falta de investimento e baixa qualidade levam aluno a desistir da escola, diz especialista
Que a maior parte dos presos brasileiros não tem estudo todo mundo
sabe. Mas cerca de 71% da população carcerária brasileira não possui nem
o ensino fundamental completo. Essa faixa, que se refere do 1º ao 8º ou
9º ano, teve uma média de desistência de 2,8% no Brasil em 2011.
Esse cenário é fruto do cruzamento de informações que o R7
fez com base em informações do Depen (Departamento Penitenciário
Nacional) e do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira).
Considerando apenas o ensino médio, que vem depois do fundamental, 10%
dos presos começaram essa etapa da vida escolar, mas desistiram no meio
do caminho. Esta taxa é superior à média nacional, onde 9,5% dos alunos
desistem no meio do trajeto.
Esse é um dos reflexos da situação educacional e prisional no País,
segundo José Marcelino de Rezende Pinto, da USP (Universidade de São
Paulo) de Ribeirão Preto. O professor também acredita que o investimento
é feito da maneira errada.
— Uma educação de baixa qualidade obviamente deixa o jovem sem
horizonte, despreparado. O jovem não vê alternativa. Aí, de outro lado,
você tem um apelo muito forte com a questão das drogas.
Essa ligação entre educação e criminalidade é normalmente apontada como
causa da violência. Ainda assim, os gastos realizados com alunos no País
não superam os gastos com presos.
Um preso estadual custa em média R$ 1.800 por mês ao governo, segundo o
Depen, do Ministério da Justiça. Já o que é investido em um aluno de 1ª a
4ª série é aproximadamente R$ 267, aponta o Inep. O professor José
Marcelino também critica esta distância entre os valores.
— É um pouco a lógica da política pública. De um lado você tem o
fantasma da violência, que impacta muito a classe média, que a mídia
repercute muito. Por outro lado, quem estuda na escola pública são os
pobres, que têm um poder muito menor de expressar sua insatisfação.
fonte: R7
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